5.31.2009

YOU GIVE ME DENGUE FEVER!

Dengue Fever é uma banda norte-americana que toca música com sotaque do Camboja. Tudo começou quando Zac Holtzman, norte-americano, viajou para o sudeste asiático e conheceu o rock Cambojano dos anos 60.

De volta à Los Angeles, Zac e o irmão Ethan Holtzman, decidiram que iriam formar uma banda para tocar covers daquelas canções cambojanas. Para isso precisavam encontrar alguém que pudesse cantar em khmer, idioma local. Os irmãos encontraram uma legítima cambojana no bairro Little Camboja, em Long Beach. Chhom Nimol já era cantora na terra natal, mas morava há alguns anos nos Estados Unidos.

A banda então foi formada por Zac na guitarra e vocais, Ethan no órgão farfisa, Chhom nos vocais, Senon Williams no baixo, David Ralicke nos sopros e Paul Smith na bateria. Dengue Fever foi o nome escolhido para banda, e também batizou o primeiro disco em 2003. Nesse disco, a banda gravou apenas covers do rock cambojano dos anos 60.

O segundo disco, ‘Escape from Dragon House’ de 2005, já tinha composições próprias, mas todas as faixas ainda eram cantadas em Khmer. O terceiro disco veio em 2007, ‘Venus on Earth’, e já mostrava composições em inglês que mesclam rock psicodélico com a música cambojana tradicional.

Em 2008 a banda lançou um documentário sobre a turnê no Camboja. Esse documentário, ‘Sleepwalking Through the Mekong’, mostra boas apresentações da banda ao vivo, mas o interesse nas pessoas e no país é muito mais importante. É o que você vai ver nesse documentário.

Então não perca tempo e se jogue nesse material...

2003 Dengue Fever

1. Lost in Laos
2. I'm sixteen
3. 22 nights
4. Hold my hips
5. Flowers
6. Thanks-a-lot
7. New year's eve
8. Ethanopium
9. Glass of wine
10. Shave your beard
11. Pow pow
12. Connect four

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2005 Escape from Dragon House

1. We were gonna
2. Sui bong
3. Tip my canoe
4. Tap water
5. Sleepwalking through the Mekong
6. One thousand tears of a tarantula
7. Escape from dragon house
8. Made of steam
9. Lake Dolores
10. Saran wrap
11. Hummingbird

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2007 Venus on Earth

1. Seeing hands
2. Clipped wings
3. Tiger phone card
4. Woman in the shoes
5. Sober driver
6. Monsoon of perfume
7. Integratron
8. Oceans of Venus
9. Laugh track
10. Tooth and nail
11. Mr. Orange

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2008 Sleepwalking Through the Mekong
Trailer:



Abaixar o documentário em Torrent





5.24.2009

HOJE AINDA É DIA DE ROCK

Sem Zé Rodrix, o rock ficou sem graça. Ficou triste. Em riste... A esperança tirou o óculos! É morto José Rodrix Trindade. Cantor, compositor, cigano, trovador, publicitário, escritor e ícone do rock rural do tamanho da paz.

Hoje ele deve estar numa casa de campo, por vontade própria e ainda vai dizer que está comprometido e assinou um papel. Hoje ele não vai precisar mais andar de 4uatro e engatinhar à beira do maior precipício. Pois, hoje ele ama seu vizinho como a si mesmo, mesmo com todo aquele barulho. A palavra hoje morreu... Que descance em berço forte.

Hoje ele pegou uma carona pra cidade mais próxima. Ele foi com Jesus numa moto porque tinha estrelas na cabeça e muita vontade de viajar. Mas já deve estar numa boa, compondo vários novos rocks rurais, plantando amigos, discos, livros, incensos e nada mais...

Então caro cantor... Já que vai calar-se e ficar mudo, deixando só o silêncio... Abra as asas e pode voar... Boa viagem.

1968 Momento 4uatro

1. Passa ontem
2. Três pontas
3. Festa
4. Dos caminhos longoestranhos até chegar junto dela
5. No brilho da faca
6. Classe dominante
7. Ele falava nisso todo dia
8. De Luzia, Ana e Maria
9. Irmão de fé
10. Veleiro
11. Próton, eléctron, neutron
12. Litoral
13. A charrete (IV Festival da Record)
14. Diana pastora (& Marilia Medalha)

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1970 Compacto – Com Som Imaginário & Taiguara

1. Geração 70
2. Em algum lugar do mundo
3. Tema de Eva

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1970 Som Imaginário

1. Morse
2. Super-God
3. Tema dos Deuses
4. Make believe waltz
5. Pantera
6. Sábado
7. Nepal
8. Feira moderna
9. Hey man
10. Poison

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1972 Compacto – Com Sá, Rodrix & Guarabyra

1. Viajante
2. Ribeirão

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1972 Passado Presente Futuro – Com Sá, Rodrix & Guarabyra

1. Zepelim
2. Ama teu vizinho
3. Juriti Butterfly
4. Me faça um favor
5. Boa noite
6. Hoje ainda é dia de rock
7. Primeira canção da estrada
8. Cumpadre meu
9. Crianças perdidas
10. Azular
11. Ouvi contar
12. Coda: Cigarro de palha

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1973 1º Acto

1. Casca de caracol
2. Coisas pequenas
3. Eu não quero
4. Essas coisas acontecem sempre
5. Receita de bolo
6. Cadillac 52
7. Eu preciso de você pra me ligar
8. Xamêgo da nega
9. Quando você ficar velho
10. IIº acto
11. O espigão

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1973 Joy e Numa Boa – Com Sá, Rodrix & Guarabyra

1. Só tem amor quem tem amor pra dar
2. Casa no campo

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1973 Terra – Com Sá, Rodrix e Guarabyra

1. Os anos 60
2. Desenhos no jornal
3. Meste Jonas
4. Blue Riviera
5. Adiante
6. Pindurado no vapor
7. O pó da estrada
8. O brilho das pedras
9. Até mais ver

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1974 Quem Sabe Sabe Quem Não Sabe Não Precisa Saber (& A Agência de Mágicos)

1. Quem sabe sabe quem não sabe não precisa saber
2. Muito triste
3. Compota de cereja
4.Roupa prateada
5. A volta do filho pródigo
6. Muro da vergonha
7. Circuito universitário
8. Noite de sábado
9. Um rock pras futuras gerações
10. Cadeira vazia nº 2
11. Os bons velhos tempos (Estão de volta outra vez)
12. Não perca o final
13. A roupa nova do rei

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1975 Motel (Trilha Sonora)

1. Motel
2. Professor e aluna
3. Fábio e Fani
4.Consultório de dentista
5.Mariña
6.Paulista solto no Rio

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1975 Rock Horror Show (Trilha Sonora)

1. Science fiction (Com Lucélia Santos)
2. O anel de noivado (Com Wolf Maia & Diana Strella)
3. Luz na casa de Frankstein (Com Diana Strella, Wolf Maia & Kao Rossman)
4. A espada da morte (Com Acácio Gonçalves & Nildo Parente)
5. Eu te faço ser homem (Com Eduardo Conde)
6. Nostalgia rock'n'roll (Com Zé Rodrix)
7. Me toque, me toque, toque, toque (Com Diana Strella)
8. É só me chamar, tudo bem (Com Wolf Maia & Diana Strella)
9. Eu vou partir (Com Eduardo Conde)
10. Só o amor interessa (Com Wolf Maia, Diana Strella & Nildo Parente)

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1976 O Esquadrão da Morte (Trilha Sonora)

1. Esquadrão da morte
2. Um homem é um homem é um homem
3. Chorinho pro tio
4. Tema de amor
5. Bolero de Mangaratiba
6. Motoqueiros
7. Mundo!
8. Assalto
9. Esconderijo
10. Rhumba

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1976 Soy Latino Americano

1. Soy latino americano
2. Boa viagem
3. É impossível parar de dançar
4. Donde estará mi vida
5. Chamada geral
6. Exército da salvação
7. Eu vou comprar esse disco
8. Ilha deserta
9. Hmmm! (Mas que noite)
10. Eu não sei falar de amor

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1977 Quando Será?

1. Quando será?
2. Eu não fui bandido o tempo todo
3. Arca de Noé
4. Devolve meus LP's
5. Guantanamera
6. Casamento
7. O dono da verdade
8. Animais
9. Foi você quem nos apresentou
10. Baila salsa
11. Água que não vais beber
12. Se o cantor calar

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1979 Compacto (RCA)

1. Me deixa voltar
2. Faça de mim um objeto

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1979 Hora Extra

1. Hora extra
2. Te conheço, tubarão
3. Pela primeira vez
4. A gente pode voar
5. Lamento escravo
6. Tomando chá
7. Lili
8. Vem o hômi
9. Adeus, amigo
10. Cabeça de fora
11. Onde está você?
12. O jornal falou

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1979 Sempre Livre

1. Melô da abertura
2. Salve a bronca
3. Se é pra voltar desse jeito
4. Mercado do amor
5. Carga pesada (& SérgioReis)
6. Abaixo a cueca
7. Hotel das estrelas
8. Norma (Problemas)
9. Não não não
10. Eu preciso tanto


1981 Compacto

1. Seu Abelardo
2.Rock do Planalto (A longa marcha)

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1983 Band-Age (& Miguel Paiva)

1. Abertura
2. Companheiros/Bum bum
3. Ave Maria/O Caos e as trevas
4. Somos iguais
5. Festa
6. Berceuse
7. Transas
8. Borboletas amarelas
9. Um tempo, uma razão, um Lugar
10. Vestibular
11. Passo a passo
12. Vestibular/ Passo a passo/ Algo em nós
13. Algo em Nós

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1983 Saqueando a Cidade – Com Joelho de Porco

1. Repórter Esso
2. Vai fundo
3. Apache
4. Funiculi Funiculá
5. Noites de Moscou
6. Homem do imposto de renda
7. Diana
8. Mardito fiapo de manga
9. Bom dia São Paulo
10. Bonanza
11. Pé na senzala
12. Vigilante rodoviário
13. Bom dia São Paulo Nº2
14. Rock do relógio
15. Sons de carrilhões
16. Funiculi Funiculá (Play back)
17. Ue o Muite Arukou
18. Telmo Martírio
19. Conjunto de beira de piscina de filme italiano
20. African beat
21. Dia de ação de graças
22. Um trem passou por aqui
23. Hora de dormir
24. A última voz do Brasil

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1988 18 Anos sem Sucesso – Com Joelho de Porco

1. 18 anos sem sucesso
2. Mariquinha Maricota
3. Fliper
4. O homem que eu amo
5. Mamãe mamãe
6. Rebelião no Carandiru
7. Enquanto você pisa em mim
8. Se eu me apaixonar
9. B
10. No céu não tem cerveja
11. Noiva de branco
12. Twist
13. Boeing 723897

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2002 Outra Vez na Estrada – Com Sá, Rodrix & Guarabyra

1. Outra vez na estrada
2. Primeira canção da estrada/ O pó da estrada
3. No tempo dos nossos sonhos (Nova era)
4. Roque Santeiro
5. Casa no campo/ Caçador de mim/Espanhola
6. Cumpadre meu
7. Dona
8. Aqui se faz, aqui se paga
9. Ribeirão
10. Me faça um favor
11. Azular
12. Jesus numa moto
13. Hoje ainda é dia de rock
14. Mestre Jonas
15. Sobradinho
16. Criador e criatura

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5.17.2009

BEM VINDO AO MUNDO MARAVILHOSO DO MULATO ASTATKE

Mulato Astatke é considerado o pai do Ethio Jazz. Quediabéisso? É o seguinte... O cara misturou o jazz com a música latina, ritmos caribenhos etc, e juntou com a música tradicional etíope.

Alguns dizem que o Mulato é o único habitante de um mundo criado por ele mesmo. Mas antes de tudo isso ele havia nascido na Etiópia e se mudado ainda adolescente para Londres, na Inglaterra. Foi lá que ele colheu as sementes, que depois transformaria nesse mundo maravilhoso do Ethio Jazz.

Depois de discos antológicos nas décadas de 60 e 70, Mulato mereceu um volume próprio na coleção de discos da música etíope, ‘Ethiopiques Vol. 4’. Em 2007, Mulato se apresentou no Red Bull Music Academy, acompanhado pelos ‘Heliocentrics’, um coletivo londrino de músicos, Djs e produtores de jazz. Essa apresentação foi transmitida pela rádio ‘Cargo London’. Após perceberem a empatia musical e a genialidade do músico etíope, os ‘Heliocentrics’ levaram o Sr. Astatke para um estúdio e gravaram um álbum sensacional, que foi lançado agora em 2009.

Então se você ainda não conhece esse etíope... Não perca mais tempo e abrace todos os discos, porque eu recomendo todos eles. E quem tiver mais discos desse genial músico, coloque por favor nos comentários.

2009 Inspiration Information (& The Heliocentrics)

1. Masengo
2. Cha cha
3. Addis black widow
4. Mulatu
5. Blue nile
6. Esketa dance
7. Chik chikka
8. Live from Tigre Lounge
9. Chinese new year
10. Phantom of the panther
11. Dewel
12. Fire in the zoo
13. An epic story
14. Anglo Ethio suite

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2008 Live at Broadcasting Cargo London (& The Heliocentrics)

1. Yekermo sew
2. Gubulye
3. Yegelle tezeta
4. Mulatu
5. Kulumanqualeshi
6. Kaselefkut hulu
7. Ethio blues
8. Yekatit
9. Munaye
10. Netsanet

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2005 Mulato Astatke (EP)

1. Emnete
2. Ebo lala
3. Yekitir tezeta
4. Asiyo belema

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2005 Ethiopiques Vol. 4

1. Yekermo sew (A man of experience and wisdom)
2. Metche dershe (When am I going to reach there?)
3. Kasalefkut hulu (From all the time I have passed)
4. Tezeta (Nostalgia)
5. Yegelle tezeta (My own memory)
6. Munaye (My muna)
7. Gubelye (My gubel)
8. Asmarina (My asmara)
9. Yekatit (February)
10. Netsanet (Liberty)
11. Tezetayé antchi lidj (Baby, my unforgettable remembrance)
12. Sabye (My saba)
13. Ené alantchi alnorem (I can't live without you)
14. Dewel (Bell)

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1972 Mulato of Ethiopia

1. Mulatu
2. Mascaram setaba
3. Dewel
4. Kulunmanqueleshi
5. Kasalefkut-hulu
6. Munaye
7. Chifara

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1966 Afro Latin Soul 1 & 2 (& His Ethiopian Quintet)

1. I faram gami I faram
2. Mascaram setaba
3. Shagu
4. One for buzayhew
5. Alone in the crowd
6. Almaz
7. Mulatu's hideway
8. Askum
9. A kiss before dawn
10. Playboy cha cha
11. The panther (Boogaloo)
12. Konjit (Pretty)
13. Soul power
14. Lover's mambo
15. Love mood for two
16. Jijiger
17. Girl from Addis Abada
18. Karayu
19. Raina

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5.10.2009

ESSES MINEIROS POLIFÔNICOS E SEUS TONS GENIAIS

Como definir o som da banda ‘Graveola e o Lixo Polifônico’? Se nem mesmo o Luiz Gabriel Lopes, que canta e toca violão, consegue...

Eles têm um som de vários estilos, como o samba-tango de ‘Samba de outro lugar’, que pode ser entoada em uníssono nas arenas dessa vida ‘desatada’. À delicada ‘Amaciar dureza’, que tem tanta poesia na letra, que só mesmo um ouvinte mais atento percebe a necessidade de ‘amar se há dureza’, como lembrou um ouvinte atento.

Esses mineiros fazem um som com a intensidade de quem vai escrever o nome no panteão da música popular brasileira, juntamente com outros mineiros ilustres, como certos “Miltons, seus tons, e dons geniais”.

Até mesmo na velha canção do Roberto eles metem o dedo, como em ‘Dois lados do coração’, mas também há espaço para “quando não somos ‘Mutantes’”. E ainda sobra tempo para especular se o ‘Chico Buarque de Holanda vai à copa de 2006’.

Pois o Luiz Gabriel Lopes, que canta e toca violão, resolveu abrir o bico e vai desvelar toda a verdade aqui no blogui.

Eu Ovo: Antes de mais nada, gostaria que você apresentasse a banda? Quem toca o quê? De como se juntaram? Etc.

Luiz Gabriel Lopes: A gente começou tocando informalmente, eu, Marcelo e Zé, pelas rodas de violão da Fafich, na Ufmg. Éramos estudantes da graduação... Isso em 2004, 2005. Aquele esquema, tocando de tudo, de Caetano Veloso a Spice Girls, hehehe... Aí com o tempo a gente começou a se reunir com mais frequência, fora da faculdade também... Começamos a tocar em festinhas da sala... Aí minha irmã (Flora) começou a tocar com a gente (Já tinhamos tido algumas bandas em Entre Rios, cidade de onde viemos) e virou banda mesmo, com esse nome, ‘Graveola e o Lixo Polifônico’, lá pra 2006. Era eu, Marcelo, Zé e Flora. Já tínhamos algumas músicas próprias... ‘Supra sonho’ é dessa época, ‘Insensatez’ também... ‘Chico Buarque de Hollanda vai à copa de 2006’...
E aí fomos crescendo, agregando mais gente... Alguns amigos se aproximaram, entraram pra banda... Hoje somos sete:

Luiz Gabriel Lopes - Voz, violão, guitarra, percussão
José Luis Braga - Voz, violão, guitarra, escaletas
Flora Lopes - Percussão
Marcelo de Podestá - Teclado, escaletas, percussão, vocais
Yuri Vellasco - Bateria, percussão, glockenspiel, escaletas, vocais
João Paulo Prazeres - Sax soprano, sax alto, flauta, escaletas, percussão, teclados, vocais
Bruno de Oliveira - Baixo elétrico, baixo acústico, percussão, vocais

Sendo que os instrumentos, em tese são intercambiáveis, depende muito do que a música pede também, e do que cada um acaba arranjando de tocar...

EO: Quais são as influências de vocês?

LGL: Cara, falar de influências é falar de um processo em constante transformação, cada coisa que a gente ouve acaba transformando a percepção, dando novas idéias... Mas se for falar de umas coisas bem basilares, tem o Tom Zé, de quem a gente pegou muita coisa tanto da obra quanto do pensamento dele.... Caetano e Gil, sempre, principalmente no aspecto composicional, na busca de um certo paradigma de canção... Também Itamar Assumpção, Rumo... Sérgio Sampaio... Da coisa de 'banda’ mesmo tem os Mutantes, Novos Baianos... Robertão, o Rei... Tem também uma certa devoção com os ícones bregas, Reginaldo Rossi, Odair José... Na verdade, são muitas bagagens diferentes e muita coisa misturada, o bacana é isso.

EO: As referências nas letras das canções são propositais? Em ‘Samba de outro lugar’, ‘Amaciar dureza’, ‘Ensolarado’, ‘Dois lados da canção’ e ‘Do alto’.

LGL: Eu diria que são tão intencionais quanto inevitáveis: A coisa da “estética do plágio”, que é uma espécie de metodologia composicional de que o Tom Zé fala no ‘Com Defeito de Fabricação’ (Disco dele de 1998, eu acho), pra gente foi uma descoberta num plano teórico de uma coisa que já desenvolvíamos naturalmente. Isso de trabalhar com a intertextualidade mesmo, citar coisas de músicas que constituíam esse nosso panteão estético da canção... Ir achando as referências, os plágios internos a cada música, e investir neles criativamente, ampliando o raio de ação deles sobre o todo. E aí o jogo era esse, de sobrepôr as vozes mesmo, a nossa e a dos textos com quem estávamos dialogando, sempre numa relação de desterritorializar, de jogar com esses deslocamentos do texto em direção a um sentido construído na interseção entre as duas coisas. O disco tem muitas citações mesmo, e através delas dá pra sacar um pouco desse imaginário da canção com que a gente joga.

EO: Com a interseção entre as duas coisas, você quis dizer a voz e o texto?

LGL: Digo “voz” no sentido discursivo, vozes que atuam num discurso, num texto - que pode ser musical, verbal, visual. o texto como algo a ser lido. No caso, a busca da tal interseção é exatamente entre o texto que vem do nosso âmbito composicional "original", por assim dizer, e os textos lidos, que integram nosso vocabulário, o quadro de referências sobre o qual a gente trabalha. então, a idéia das apropriações acaba sendo no sentido de criar esse terceiro lugar, entre nós e nossas referências. Sacou?

EO: Como você definiria o som do Graveola e o Lixo Polifônico?

LGL: Putz, essa pergunta eu pulo, hehehe...

EO: Então me diga o porque do nome Graveola e o Lixo Polifônico?

LGL: Entonces, o nome ‘Graveola’ é cheio de controvérsias... Eu particularmente não lembro de nenhum motivo ‘semântico’... Não tem relação com a fruta, nem nada. Acho que foi um insight puramente sonoro mesmo. Mas a história do ‘Lixo Polifônico’ tem várias ramificações... A primeira de todas, a fundante, é que no início o Marcelo não tocava nenhum instrumento ‘de verdade’, só ficava batucando uma lixeira que carinhosamente apelidamos de ‘Lixo Polifônico’. Então era isso, violão, voz e lixo polifônico. Não tínhamos instrumentos de verdade, rolava a coisa da precariedade mesmo. Uma ou outra flautinha de brinquedo, umas cornetinhas de camelô... E nisso rolava um interesse pelo potencial sonoro/ estético dessas coisas. Tinha também a questão com o lixo como algo residual, passível de ser descartado... Mas que a gente não descartava, absorvia. A idéia da reciclagem mesmo. também a incorporação de tudo que supostamente fosse ‘lixo cultural’, essas referências mais amaldiçoadas que a gente sempre absorveu de bom grado, por vocação, ou condição histórica mesmo... Todos vivemos o surgimento do axé, nos anos 90... O pagode, a música sertaneja, essas coisas todas que formam um certo imaginário ‘kitsch’ genuinamente brasileiro. Então, inevitavelmente, tudo isso constitui parte do nosso vocabulário... E aí, o que costumávamos fazer era simplesmente não ter uma atitude de negação imediata, como seria comum, mas absorver dali o que tivesse a ver com a gente. Tentar re-trabalhar esse imaginário de uma forma própria, fazendo umas aproximações meio malucas, plagiando e reprocessando tudo numa direção meio incerta, mas que foi dando um resultado bacana, e que foi dar na nossa sonoridade de hoje.

EO: E como anda a cena musical de Belo Horizonte?

LGL: Finíssima! Muita coisa boa, muita diversidade, gente fazendo coisa séria, desenvolvendo trabalhos próprios... Vale a pena dar uma sacada mesmo, acho que a galera que sair daqui vai dar um caldo bom, uma sacudida cabulosa no cenário da música brasileira. Dos trampos autorais que tão rolando por agora indico: Kristoff Silva, Rafael Macedo, ‘Quebrapedra’, ‘The Dead Lovers Twisted Heart’, ‘Pablo Castro e a Banda dos Descontentes’, Transmissor, Alexandre Andrés, ‘The Junkie Dogs’, 'Mutum'... Putz, é muita gente, nem dá pra falar de todo mundo... É só dar uma viajada no myspace pelas redes da galera daqui que dá pra sacar muita coisa fina.

EO: E vocês já tocam há um tempo na cidade... Desde 2006 com esse nome... Já deu pra reunir bastante fãs do trabalho de vocês, em BH? Me fale um pouco como é o show de vocês?

LGL: A banda já ensaia existir desde 2004, mais ou menos. 2006 foi quando a coisa oficializou mais mesmo... E de lá pra cá, foi mudando muito a sonoridade, as concepções, a formação foi crescendo... Toda uma história. E aí felizmente já rola um público legal sim, temos ficado muito felizes com a receptividade da galera, sempre enchendo nossos shows... E querendo ou não, BH é uma cidade muito pequena, fica difícil uma coisa não ‘gastar’ rápido, a gente ficava até com um certo receio de tocar com muita frequência, por ser um repertório autoral, e tal... Mas temos tido boas surpresas quanto a isso, sempre rola um acolhimento muito bacana da galera... E numa banda de sete pessoas, só os círculos de amizade de cada um já dá pra encher o show, né? Hehehehe....
O nosso show tem sido basicamente as músicas do disco, mais alguns covers que vão mudando com o tempo, e geralmente alguns ‘work-in-progress’ de músicas novas, que devem entrar num próximo disco. É massa pra ir testando os arranjos, acostumando a tocar as músicas... E em geral rola uma energia muito boa, é massa. Eu curto muito tocar nos shows do ‘Graveola’.

EO: Claro que vocês, como banda independente, curtem downloads gratuitos... Mas você acha que os downloads gratuitos prejudicam os artistas já consagrados?

LGL: Acho que isso é coisa de quem não tá disposto a se adaptar às mudanças. É claro que tem um monte de treta no meio disso, a situação do artista no nosso país é muito fudida mesmo... Não tem um respaldo eficaz das políticas públicas, o mercado não é suficientemente consistente e auto-sustentável, é foda mesmo. Pra segurar a onda tem que ralar muito, contar com a sorte, fazer de tudo e ainda assim nem sempre dá pra se manter. Mas acho que a internet é uma realidade incontornável, então não tem jeito, tem que fazer dela um uso consciente e potencializador das suas virtudes. No caso do ‘Graveola’, posso dizer que é sem dúvida um meio essencial pra viabilidade do nosso trabalho. Tem aberto uma porrada de portas e levado nosso som pra muitos lugares bacanas. Então, acho que é meio por aí, tá na chuva é pra se molhar. Não dá pra ter uma postura retrógrada, tem mais é que entrar de cabeça nessa história e tirar proveito dela.

EO: Tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar? Que eu não perguntei...

LGL: Baixem nosso disco e escutem com carinho...! Fizemos com muito cuidado e honestidade, e ficamos muito satisfeitos com o resultado, então esperamos que vcs curtam. Abração e inté!

EO: Grande abraço pra você... E como anda a cidade BH? Já morei ai... Fazem anos que não visito a cidade...

LGL: Pra vc também, brother. Valeu demais. BH continua linda... Apareça pra sacar a galera da música, tá valendo a pena mesmo! FaloU!
Luiz Gabriel Lopes

2009 Graveola e o Lixo Polifônico

1. Outro modo
2. Supra sonho
3. Samba de outro lugar
4. Antes do azul (papará)
5. Amaciar dureza
6. Ensolarado
7. Dois lados da canção
8. Do alto
9. O quarto 417 (As aventuras de Dioni Lixus)
10. Benzinho
11. Insensatez, a mulher que fez
12. Chico Buarque de Hollanda vai à copa de 2006
13. Cidade

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ou
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5.03.2009

MENTIRAS BRANDAS PARA TEMPOS SOMBRIOS

Em seu disco novo, ‘White Lies for Dark Times’, Ben Harper já começa com um pé no acelerador com ‘Number with no name’. Fazia tempo que não ouvia Ben Harper soar tão parecido quanto ele mesmo nos primeiros discos.

‘Up to you now’ remete ao terceiro disco de sua carreira, época em que deixou de lado o folk, para se aprofundar no blues e rock. ‘Shimmer & shine’, o lado A do primeiro single, continua acelerando e dando uma porrada na orelha.

Com ‘Why must you always dress in black’, Harper volta ao blues com força total, após ter flertado com a folk-music, nos últimos discos. Isso não significa que não há baladas nesse álbum, como em ‘Skin thin’.

Com ‘Fly one time’, o lado B do primeiro single, Harper mostra uma faceta mais pop que ele mesmo se preocupou em criar ultimamente. Mas logo em seguida ‘Keep it together (So I can fall apart)’ remete ao passado rockeiro e bluseiro do terceiro e quarto disco, o primeiro com os ‘Innocent Criminals’, banda que gravou cinco discos com Harper.

Para esse disco, Harper montou outra banda, o ‘Relentless7’, formada por Jesse Ingalls no baixo e teclado, Jason Mozersky na guitarra solo e Jordan Richardson na bateria. Com essa nova banda, o cantor não pretende encerrar as atividades do ‘Innocent Criminals’, mas atuar com as duas bandas onde for necessário.

O disco ‘White Lies for Dark Times’ já nasceu clássico e merece lugar de destaque na sua estante.

2009 White Lies for Dark Times

1. Number with no name
2. Up to you now
3. Shimmer & shine
4. Lay there & hate me
5. Why must you always dress in black
6. Skin thin
7. Fly one time
8. Keep it together (So I can fall apart)
9. Boots like these
10. The word suicide
11. Faithfully remain

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