9.02.2012

A MÁGICA DERIVA DAS SUPERCORDAS


O Supercordas continua fazendo o mesmo som, recheado de melodias psicodélicas e imagens bucólicas, no recém-lançado e tão esperado terceiro disco – ‘A Mágica Deriva dos Elefantes’.

O último petardo da banda foi o ‘Seres Verdes ao Redor’, lançado em 2006, seguido pelo single de ‘Mágica’, em 2008. De lá pra cá, o quinteto formado por Bonifrate (guitarra, violão, harmônica e voz), Valentino (baixo e voz), Giraknob (guitarras, percussão eletrônica e theremin), Gabriel Ares (teclados) e Digital Ameríndio (bateria e voz) já tocou em diversos projetos paralelos.

Bonifrate lançou no ano passado ‘Um Futuro Inteiro’ – disco que se aproxima muito do som do Supercordas – além de tocar com um monte de gente, como com os ‘Demônios do Brejo’ e pelo ‘Projeto Minimecenas’. Digital Ameríndio também lançou o disco independente ‘Mas Qual?’, tocou com Augusto Malbouisson na banda ‘Acessórios Essenciais’ (junto com Bonifrate e Gabriel Ares) e montou outra banda, a ‘Digital Ameríndio & American Bigfoot Mouse Mouse Joe’ – também com Bonifrate e Gabriel, mais Lois Lancaster do ‘Zumbi do Mato’ e Robson dos ‘Seletores de Freqüência’ – além de produzir o novo trabalho de Simplício Neto, junto com Bonifrate. Valentino e Giraknob foram morar em São Paulo e andaram produzindo vários projetos por lá, entre eles o ‘Some Community’.

Para Bonifrate, é uma velha confusão de projetos, “uma coisa bonita”, ele acha. Mas quanto ao disco ‘A Mágica Deriva dos Elefantes, “tive momentos de achar que não conseguiríamos terminar”. Eles quase se acostumaram com a idéia de que esse disco ia virar uma lenda – “uma espécie de ‘Smile’ (dos Beach Boys), que nunca veria a luz do dia”. Portanto, é preciso abstrair a paranóia que tem todo criador e curtir este álbum como um todo. “Afinal, nenhum disco acaba sendo exatamente aquilo que tinha sido imaginado pelos músicos, e esse agora até que soa bastante inteiro em diversos sentidos”, completa Bonifrate.

Distante do fato de o disco ser simliar a um ‘Smile’, ‘Smiley Smile’, ‘Sgt Pepper’s’, ‘Odessey & Oracle’ ou ‘In the Court of the Crimson King’, este novo álbum é tudo que os fãs da banda poderiam esperar e muito mais. O som característico do Supercordas permeia todo disco, desde ‘Mumbai’ a ‘Belo Horizonte’, como ‘Um grande trem positivista’ ou uma ‘Orquestra de mil martelos’.

A banda, que sempre foi antenada às novas tendências digitais, já disponibilizou o disco para download gratuito, decretando ao mesmo tempo o ‘Declínio e queda do Império Magnetico’ e a ‘Ascensão e glória do Imperio Cibernetico’ – mas o disco já chegou ao formato digipack. Destaque também para as canções ‘Índico de Estrelas’, ‘Mágica’ e ‘O céu sobre as cabeças’.

O Bonifrate falou sobre o disco, processos, planos e outras coisas mais...



Porque essa demora para lançar ‘A Mágica Deriva dos Elefantes’?

Os processos de gravações em si foram um pouco caóticos. Começamos de um jeito, terminamos de outro, muitos planos não deram certo e muitas improvisações acabaram dando. É claro que não estivemos esse tempo todo trabalhando no disco continuadamente. Mudamos de formação algumas vezes, cada um de nós teve seus trabalhos, estudos e aventuras diversas, incluindo discos solo, outras bandas, produções etc.

Como foi todo o processo de gravação do disco?

Fizemos uma pré-produção em 2007/2008, ainda com o baterista antigo, de onde saiu aquela versão single de ‘Mágica’. Em 2009 nós arrendamos um estúdio (o Musgo) lá no Rio, no Flamengo. Ficamos com o estúdio por 1 ano, passamos um perrengue pra conseguir pagar as contas só com os ensaios e gravações que rolavam nele, mas conseguimos gravar a maioria das bases do disco. Depois disso veio um hiato na produção, alguns de nós achávamos que o disco deveria ser regravado num esquema melhor, outros que era melhor acabar logo com isso do jeito que dava. Depois de quebrarmos a cara algumas vezes, essa última alternativa acabou prevalecendo – terminamos em casa, pegando equipamentos emprestados com amigos e gravando nós mesmos, um pouco como foi também a segunda fase do ‘Seres Verdes ao Redor’. No fim masterizamos nós mesmos também, na Casa do Mancha lá em Sampa, que tem sido a base sonora do Valentino e do Giraknob nos últimos meses.

Existe algum fio condutor das faixas?

Elas estão no mesmo álbum, dispostas numa sequência específica, então acaba sendo inevitável que exista. Mas já não sei qual é a natureza desse fio, e nem se ele é um fio ou uma onda ou uma nuvem de probabilidade. Algumas noções novas sobre o disco têm aparecido das conversas que temos sobre ele, das entrevistas, etc. Existe o sentido de uma Geografia, ora imaginária, ora mundana, que permeia aquilo tudo liricamente. E nesse sentido ele trabalha com as distâncias e os deslocamentos. Não dá pra ser muito específico com esse disco, eu acho, e todas as formulações linguísticas que estão ali podem ser interpretadas de qualquer maneira, possível ou impossível.

Tem algum plano de lançar o álbum em vinil?

A gente quis muito, por um tempo. Mas o vinil teria que ser duplo e isso encarece bastante o processo. Não cogitamos cortar alguma música pra caber num disco só em nenhum momento, então resolvemos lançar em CD com um digipack desses bonitinhos. Ainda estamos esperando o disco chegar da fábrica.

E para a turnê?

Temos uma nova produtora que tá correndo com isso. Nosso tempo tem sido um pouco limitado por conta de outros trabalhos, e moramos em três cidades diferentes agora, então não vai ser uma tempestade de shows. Vamos correr por aí o máximo que conseguirmos.

Megaupload X FBI?

Não que eu morra de amores por qualquer site desses, tem uns bem melhores que o Megaupload, inclusive, mas a música é distribuída gratuitamente agora. Isso tem um lado muito bonito e é inevitável. Que é que o artista vai fazer? Reclamar por aí que não ganha seus centavos por CD vendido de direito autoral? Não faz sentido nenhum. Independente de ser melhor ou pior do que era antes, os artistas tem que dar seu jeito. Talvez tenham que fazer outras coisas pra sobreviver se não tiverem público suficiente pra rodar muito por aí, pra vender seus próprios CDs e ficar com o lucro, mas hoje em dia você faz um disco no seu quarto. Não precisa ser um músico profissional com um baita orçamento pra fazer isso. É um tempo incrível para o underground, e eu ainda acredito nessa ideia, nesse conceito. Como qualquer outro, ele se transforma com o mundo.

Pirataria X Acessibilidade?

São dois lados da mesma coisa nesse caso, né? O jeito como isso é formulado nas políticas anti-pirataria, assim como nas políticas anti-drogas, beira o fascismo.

2012 A Mágica Deriva dos Elefantes

1. Mumbai
2. Orquestra de mil martelos
3. O céu sobre as cabeças
4. Um grande trem positivista
5. Belo Horizonte
6. Mágica
7. Declínio e queda do Império Magnético
8. À minha estrela bailarina
9. Índico de estrelas
10. Ascensão e glória do Império Cibernético
11. Asclepius
12. Ninguém conquista a noiva dançando

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2 comentários:

Edson d'Aquino disse...

Baixando djá, Bruno!
Curto muito o trabalho da Supercordas e 'Seres Verdes...' já deveria constar em qq compêndio sobre os melhores álbuns brazucas deste século.
[]ões

Eu Ovo disse...

concordo contigo EdSom.
o Seres Verdes é um otimo album - mas esse novo disco tbm é uma pedrada muito boa.

gosto muito da pegada das Supercordas....