11.25.2012

O LADO A E O LADO B DA ALMA DE VITOR ARAÚJO

Depois do estrondoso sucesso – de público e crítica – com o DVD de estreia, ‘TOC’, Vitor Araújo surpreende novamente com ‘A/B’, um álbum poético e emocionante.

Solidão é o tema da primeira peça do novo disco de Vitor Araújo, a parte que representa o lado A, dividido em quatro faixas. A primeira composta em homenagem a Modigliani, com Vitor no piano e vozes, e um belo arranjo de cordas com violinos, viola, violoncelo e contrabaixo. Seguida pelo piano solitário de Vitor numa tocante representação da melancolia.

A terceira faixa conta com a participação apoteótica dos trompetes de Guizado e o mesmo quinteto de cordas, formado por Ricardo Amado e Adonhiran Reis nos violinos, Estevan de Almeida Reis na viola, Alceu Reis no violoncelo e Larissa Coutrim no contrabaixo. Encerrando o lado A com Stefanie Freitas como pianista convidada e representando, junto com Vitor, uma breve calmaria após tanta solitude.

 - - - - Interlúdio - - - -

O lado B segue representando a epopeia de Vitor Araújo, mas não se atém a tema algum. Apenas apresenta um coração já sangrado e transbordado de tanta emoção da peça anterior. ‘Baião’ é uma singela homenagem a Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Chico Science, com participação de Yuri Queiroga. 

Naná Vasconcelos toma de assalto a canção ‘Jongo’, composta por O. Lorenzo Fernandez, com uma percussão translúcida e às vezes cruel, na forma de deixar o piano em segundo plano com seus baticuns, suas sementes, congas, gongos e vozes. A banda Rivotrill – Junior Crato na flauta, Rafa Duarte no contrabaixo e Lucas dos Prazeres na percussão – participa de ‘Véloce’, composta por Claude Bolling, um ragtime apóscalypso e bate-estaca.

O final inesperado vem com a parceria com a banda Macaco Bong – Bruno Kayapy nas guitarras e violões, Ynaiã Benthroldo na bateria e Ney Hugo no baixo –, em ‘Pulp’. Uma faixa de início seco e ríspido que aos poucos assume uma delicadeza serena, para explodir num final pesado e grandioso, em homenagem a Bukowski , Angeli, Robert Rodríguez, Quentin Tarantino, Rage Against the Machine, Pink Floyd, à Banda de Joseph Tourton e ao Macaco Bong.

Vitor Araújo nos mostra o lado A e o lado B de sua alma, num álbum de chorar de tão lindo. Gravado entre Recife, RJ e SP, com produção de Ricardo Cantaluppi, mixagem de Buguinha Dub e arte gráfica por Raul Luna.

2012 A/B

A1 Solidão nº 1
A2 Solidão nº 2
A3 Solidão Nº 3
A4 Solidão nº 4


- - - - Interlúdio - - - -


B1 Baião
B2 Jongo
B3 Véloce
B4 Pulp

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11.18.2012

AS NOVIDADES ESCONDIDAS NO SOM DO CIRCO VIVANT

O 'Circo Vivant' é uma banda “Original Olinda Style”, que entrega bastante influência da já seminal 'Banda Eddie'. Mas calma, aí.... Perá lá.... Que o 'Circo Vivant' anda chega lá.... Posso até apostar....

Eles recém começaram em 2004. Experimentaram bastante, chegando até gravar um CD demo, 'Qualquer Coisa', em 2005. Mudaram de formação e gravaram um EP, 'Bipolar', em 2009, que tinha uma faixa “adubada” por Buguinha Dub. A banda tem Petruchio na voz, percussão e sample/efeitos, Pedro Vivant na voz, guitarra e violão, Júnior Duarte no baixo, Junior Dujarro na bateria, Gustavo Joe nos teclados, microkorg e violão e Ganga Barreto na percussão e voz, e conta com participações especiais de Rogerman (Bonsusesso Samba Clube), Bruno Souto (Volver), Tom Rocha (Academia da Berlinda e Mundo Livre SA) e Leo Oroska (Ska Maria Pastora), entre outras. 

Neste ano, eles lançam o primeiro disco, 'AfroAméricaLatinidade' – um título que reflete e entrega muito do que a banda é... Plural. Isso que eles são. Eles são afros, americanos e latinos, sem nenhum preconceito em misturar gêneros, números e graus. 

Você começa ouvindo o disco “com um jeito assim meio covarde” e termina sem perceber, com as canções rolando, o sonzinho te envolvendo e te balançando. A canção 'Fagundes Varela 16h30' abre o álbum com uma pegada funk de muito efeitos e um riff matador – se fossem 10 minutos a menos seria melhor ainda (essa só os fortes entenderão). 

Entra o ska, 'O mesmo e o novo'. Quem ficar parado é doente do pé! Mas ai o ska quase se transforma num batuque para quase uma cumbia e guitarrada. Enfim, afro-americano-latino. Outro ska é 'O brilho', que cria um clima meio leste europeu, por causa da harmonização dos belos vocais, sem deixar de ter uma pitada surf-music na levada da guitarra. 

O 'Bolero de Jardel' é, como diz o título, um bolero, mas com uma pretensão de ser entoada em uníssono pelo público em grande estádios. 'Cor branca' é a parte sambarock do disco. 'Mariano' foi criptografada por Pedro Vivant. Como em 'Aqua boogie', “Psychoalphadiscobetabioaquadoloop” ou “analfomegabetismo e somatopsicopneumático”, só pra manter a referência aqui mesmo na “Ilha de Vera Cruz”. 

'Moda pra Zé Pereira' de moda só tem o rock mesmo – de pegada poderosa descambando num surf music discoteque. 'O que vou fazer agora' encerra o disco como num suíngue fenomenal, finalizando às pressas. Daí você percebe que o disco acabou e você não ouviu nada ainda...   

Volte à faixa hum e ouve tudo de novo. Por isso, como seu advogado, recomendo que baixe o disco no link ali embaixo. Boa Sorte 'Circo Vivant'! Vocês mandaram bem demais!!! 

2012 AfroAméricaLatinidade

1. Fagundes Varela 16h30
2. O mesmo e o novo
3. In Babylon
4. Bolero de Jardel
5. O brilho
6. Cor branca
7. Mariano
8. Moda pra Zé Pereira
9. Lágrimas no Central
10. O que vou fazer agora

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11.11.2012

NEM TODO SOM É RETO, NEM O ARRANJO REGULAR

O Metá Metá virou 'MetaL MetaL' - ainda com Kiko Dinucci no violão e agora assumindo de vez a eletricidade da guitarra, Juçara Marçal com a voz e Thiago França no saxofone, flautas e efeitos, mas também com adição de Marcelo Cabral no baixo, Sergio Machado na bateria e Samba Sam na percussão.

Com essa formação, a banda já tocava ao vivo desde o final do ano passado e foi com ela que gravou, praticamente ao vivo, o segundo álbum, 'MetaL MetaL'. Algumas releituras de canções de discos como o 'Padê' de Juçara Marçal e 'Pastiche Nagô' do Bando AfroMacarrônico. Todas canções ficaram muito pesadas - quiçá por causa do uso dos efeitos na guitarra e nos sopros e pelo inserção do baixo, bateria e percussão - com uma pegada afro-punk-rock-heavy-metal-pedrada-na-orelha.

O disco abre com 'Exu', um tambor de mina Nagô, do Maranhão - de domínio público - seguido por 'Oya', parceria de Kiko Dinucci com Dougas Germano, canção da época do Bando AfroMacarrônico (do qual Germano também fez parte), que tem um final catártico e apoteótico, pra não dizer cataclísmico. Depois vem a bela regravação de 'São Jorge', que funciona como a derradeira atualização da canção composta por Kiko Dinucci, seguida por outra faixa de domínio público, a cantiga de candomblé para Oxum, 'Man feriman', com um saxofone atômico entoado por Thiago França (from Sapartaaaaaaa!).

'Rainha das cabeças' é mais uma com a co-autoria de Douglas Germano - que também foi regravada - desta vez com a guitarra endiabrada de Kiko Dinucci. 'Cobra rasteira' é uma doce melodia, com poesia única sobre os caminhos curvos, turvos e sinuosos, num dueto suave entre Juçara, Kiko e o sopro de Thiago servindo de contrapondo. 'Logun' é mais uma faixa dedicada aos orixás, que é um afrobeat pesadão com um riff poderoso, pontuado pela guitarra e sax-tenor.

Não foi só Kiko Dinucci que aderiu aos efeitos com sua utilização da guitarra, Thiago França também passou a usar os efeitos com o uso do EWI. Em 'Orunmila' (outra parceria com Germano) o som dos sopros cheios de efeitos abre a canção seguido pelo solo de guitarra, deixando a faixa poderosa e suja. "Palavra de Ifá"!!! 'Tristeza não' - composta por Alice Ruiz e Itamar Assumpção - já vinha sendo tocada nos shows e encerrou o disco com uma delicadeza ímpar.

'MetaL MetaL' é um álbum para se ouvir várias vezes, seguidas vezes, às vezes…. Ouvir 'MetaL MetaL' é complementar a porção mentaL de cada um! Quer ouvir 'MetaL MetaL'? Baixa já!

2012 MetaL MetaL

1. Exu
2. Oya
3. São Jorge
4. Man Feriman
5. Rainha das cabeças
6. Cobra rasteira
7. Logun
8. Orunmila
9. Tristeza não

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11.04.2012

A ALMA DA MÚSICA DA AMPLEXOS



Depois de lançarem quatro faixas arrasadoras, no 'Manifesta EP', a banda Amplexos mostra a que veio com este lançamento. O álbum 'A Música da Alma' foi gravado ao vivo num estúdio em Volta Redonda-RJ, com produção e mixagem de Buguinha Dub e masterização de Gustavo Lenza - com a direção de Jorge Luiz Almeida nos vídeos maravilhosos.

O afrobeat de Fela Kuti foi uma das grandes influências para a composição deste disco, como a faixa entitulada 'Afrobeat', 'Making love' e 'Leão'. Mas também tem as canções com levadas dubs como 'Filho', 'O homem', 'Mistério' e 'Festa'; ska com 'Boladão'; e outras faixas, que seguem de perto os estilos jamaicanos, mas que salpicam temperos brasileiros e populares nessa mistura, como 'Sim' e 'Falsa salsa', que abre o álbum, fazendo uma ponte entre o som dos primórdios da Amplexos com este novo som da alma da Amplexos.

Ultimamente, a Amplexos tem feito uma série de shows com Oghene Kologbo, guitarrista nigeriano, que gravou com Fela Kuti, e seguido sua instrução de tocar onde o povo está. Eles levam os equipamentos para as ruas e tocam para o publico passante. "Isso tem sido fundamental para gente perceber que a nossa música pode ser absorvida por qualquer pessoa", revelam.

Recentemente, a banda gravou uma faixa para um tributo ao 'Raça Negra', no disco 'Jeito Felindie', 'Quando te encontrei', que virou uma pérola de levada soul. Amplexos divide o disco com Lulina, Hidrocor, Giancarlo Rufatto, Nevilton, Letuce, entre outros.

A parte disso tudo, a banda entrega um álbum coerente e cheio de nuances, que transportam o ouvinte ao universo Amplexos. Que belo universo é esse! Cheio de swingue, suor e graça. Vale a pena ouvir essa 'Música da Alma'.

2012 A Música da Alma


1. Falsa salsa
2. Boladão
3. Making love
4. Sim
5. Afrobeat
6. Filho
7. O homem
8. Mistério
9. Festa
10. Leão

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