11.30.2014

RAEL DA RUA MAJOR MARAGLIANO 421 VILA MARIANA

Rapper paulistano inova em diversas tecnologias estratégias de markleting e apresenta novas canções em single inspirado.


Rael da Rima tem passado a se apresentar apenas como Rael para se livrar de certo preconceito com o rep. Tudo muito justo porque Rael se apresenta mais como artista multimídia e multiritmos, porque ele canta rep, reggae, ragga, charme e funk.

Rael é um artista completo em todos os sentidos e como se não bastasse todo talento musical, ele ainda apresenta uma sede de inovar e experimentar. Logo após apresentar um clipe interativo para uma canção de seu álbum de 2013, 'Diferenças', ele colocou algumas canções novas em exposição nos muros da rua – para qualquer um escutar.


O EP 'Diversoficando' foi colocado num dispositivo portátil que é chumbado na parede, ficando pra fora apenas a entrada P2 do player – deixando ao ouvinte a necessidade de apenas trazer o próprio fone de ouvido, para plug-and-play.

O rapper já instalou o dispositivo em várias paredes de São Paulo. O primeiro ligar foi na Rua Maragliano, 421, da Vila Mariana e depois vieram vários outros picos, como no Centro, Vila Madalena e Santana. Hoje ele já tem dispositivos instalados também no Rio de Janeiro; no Viaduto de Madureira, no Circo Voador, entre outros lugares.


Nesse EP, Rael apresenta 'O Hip Hop é foda' em parceria com Marechal, EMICIDA, Fernandinho Beat Box e KL Jay. Na sequência ele vem com a charmosa 'Ser feliz', onde ele se apresenta uma crítica ao consumismo com ares de sambajazz.

Em 'Pré-conceito' Rael mostra uma letra em que demonstra o sofrimento do negro de cada dia. “Se é crime fazer rep, então me leve em flagrante”, brada Rael na canção. 'Envolvidão' mostra o lado melodioso de Rael, um soul malemolente com rima tensa e sagaz. 'Hoje é dia de ver' encerra o EP com beleza e sofisticação e uma mensagem de força a todos os “correrias” do dia a dia de hoje em dia.

2014 Diversoficando

1. O Hip Hop é foda
2. Ser feliz
3. Pré-conceito
4. Envolvidão
5. Hoje é dia de ver

11.23.2014

A CAPIVARA HERMÉTICA DO CERRADO COLONIAL

Esdras Nogueira homenageia Hermeto Pascoal com álbum solo recheado de composições do albino hermético.


Esdras Nogueira é um dos fundadores da banda brasiliense 'Móveis Coloniais de Acaju', onde toca saxofone barítono.

Em seu primeiro trabalho solo, Esdras juntou um time de grandes feras do cenário musical brasiliense, Célio Maciel na bateria, Vavá Afiouni no baixo, Marcus Moraes nos violões e na guitarra, Dudu 7 Cordas no violão de 7 cordas e cavaquinho e Leo Barbosa na percussão.

Com todo esse time, Esdras reuniu um punhado de composições do Hermeto Pasocal e produziu o álbum, junto com Marcus Moraes, Dudu 7 Cordas e Gustavo Dreher, que também foi o técnico de gravação. Com arranjos coletivos, o disco ficou pronto cheio de estilo e gêneros dispares, mas mesmo assim complementares.

Tem o samba como em 'Viva o Rio de Janeiro', 'Chorinho pra ele' e em 'Capivara', que dá nome ao disco e tem um lado bem jazzístico. Esdras expõe o lado hermético e experimentalista em 'Ginga carioca', 'Vale da Ribeira' e 'Voa Ilza'. Mas também extrai o tempero latino de 'Irmão latinos', o frevo em 'Frevo em Maceió' e a delicadeza das melodias do maestro em 'Balaio'.

Além de músico o cara é um cozinheiro de mão cheia – junto com a esposa – ele mantém um site gastronômico onde ambos oferecem jantares especiais a um grupo de colaboradores e mantenedores do restaurante informal e interativo. No projeto 'Coma Lá em Casa', além da comida Esdras também oferece um bom papo e música boa. Da mesma forma que a entrevista abaixo.

Como surgiu a vontade de gravar esse disco com músicas do Hermeto?

Queria fazer um disco solo, instrumental com o sax barítono, depois de três discos e dois dvds com o 'Móveis', deu vontade de fazer algo diferente, o trabalho em grupo é massa, mas queria paralelo a isso fazer algo que ainda não tinha feito. O Hermeto é um cara que sempre admirei, e a música dele mudou o meu jeito de tocar, de entender a música, ele tem muita identidade, e muitas composições lindas, resolvi me arriscar.


Como você selecionou o vasto material do maestro albino? Uma vez que ele próprio publicou aquela carta autorizando quem quiser a gravar suas músicas...

Pois é essa carta é de uma generosidade, muito massa, depois disso fiquei mais fã ainda. Fiquei um ano pensando no repertório, nas músicas que ficariam bem no sax barítono, músicas de diferentes estilos, mas o Hermeto é um dos maiores gênios da música de todo mundo, e tem muita coisa boa, foi difícil separar só nove.

Como ocorreram as gravações deste álbum? Qual foi o processo dos arranjos?

Se a seleção de repertório foi longa, a gravação foi muito rápida. Fizemos cinco ensaios e cinco diárias. Pensei no caminho que queria para cada música, sentei com o Marcus Moraes e com o Dudu 7 Cordas e direcionamos as idéias.
Foi uma vibe muito boa. Tocar com essa galera foi um prazer enorme, caras muito bons, um privilégio fazer esse trabalho com essa moçada.

Como foi o processo de gravação?

Foi muito colaborativo, todo mundo deu muito ideia e no final o arranjo é o que mais conta do trabalho, e esse foi todo mundo junto. A mixagem foi feita pelo Gustavo Dreher, a masterização pelo Thomas Dreher, a arte da capa é do Bernardo França e o design do Gustavo Goes.

Como você vê essa questão de downloads gratuitos? Você acha que é benéfico ao artista?

Acho ótimo. Pelo menos pra mim é muito bom, é a maneira direta e mais fácil de chegar na casa das pessoas, e quem quiser, depois pode colaborar no site, pode comprar no itunes, tem o disco físico, mas se só baixar de graça já está valendo. Isso cria um público e aproxima as pessoas, acho que o caminho da música é por aí. O 'Capivara' tá de graça pra download no meu site, http://www.esdrasnogueira.com.

2014 Capivara

1. Viva o Rio de Janeiro
2. Balaio
3. Frevo em Maceió
4. Ginga carioca
5. Chorinho pra ele
6. Irmãos latinos
7. Vale da Ribeira
8. Capivara
9. Voa Ilza

11.16.2014

NESSA TERRA DE GIGANTES

O tributo à banda 'Engenheiros do Hawaii' apresenta grande diversidade de bandas e artistas no cenário musical brasileiro.


Lançado pelo site 'Scream and Yell', da mesma forma que a homenagem ao clássico seminal de Belchior, 'Alucinação', o tributo aos 'Engenheiros do Hawaii' reapresenta os grandes sucessos da banda na voz de outros artistas.

Gente como o cantor Dary Jr. da banda 'Terminal Guardalupe', que assume a persona de Dario Julio e os Franciscanos e apresenta 'Números'. Bem como as bandas 'Forfun', com 'O Papa é pop'; 'Monocine', com 'Refrão de bolero'; 'Nevilton', com 'A promessa'; 'A Banda mais Bonita da Cidade, com 'Pose'; e muitos outros grupos.

Destaque especial para a reconstrução de 'Terra de gigantes' com Phillip Long, 'Infinita Highway' com o 'Strobo', 'Alívio imediato' com 'Dias Buenos', 'Somos quem podemos ser' com 'Dingo Bells', 'Eu que não amo você' com Lula Queiroga, 'Pra ser sincero' com a cantora japonesa 'Tsubasa Imamura', entre muitas outras canções e intérpretes.

2014 Espelho Retrovisor (Tributo aos Engenheiros do Hawaii)

1. Toda forma de poder – Anacrônica
2. Terra de gigantes – Phillip Long
3. Refrão de bolero – Monocine
4. Infinita Highway – Strobo
5. Somos quem podemos ser – Dingo Bells
6. Alívio imediato – Dias Buenos
7. O Papa é pop – Forfun
8. Pra ser sincero – Tsubasa Imamura
9. Quartos de hotel - Blancah
10. Ando só – Mário Wamser
11. Pose – A Banda mais Bonita da Cidade
12. Parabólica – Vera Louca
13. A promessa – Nevilton
14. Ilex Paraguariensis – Bebeto Alves
15. 3 minutos – Dolores 602
16. Eu que não amo você – Lula Queiroga
17. Concreto e asfalto – Esteban Tavares
18. Números – Dario Julio e os Franciscanos
19. Don Quixote – Fernando Aniteli
20. Outras frequências - Borba
21. Não consigo odiar ninguém – Sonorata

11.09.2014

CADA MALOQUEIRO TEM UM SABER EMPÍRICO

Em segundo álbum, Criolo busca expandir o alcance do álbum de estréia assumindo um posicionamento crítico em favor de mais amor e tolerância.  


O clima abre tenso no novo álbum do Criolo, 'Convoque seu Buda' é o título do petardo, bem como a faixa de abertura, que inicia como um golpe marcial. A canção pode ser considerada uma irmã mais nova de 'Lion Man' – do disco anterior, 'Nó na Orelha' – porque emula os sons da África oriental, mais precisamente da Etiópia de Mulatu Astatke. A canção ainda trás referências ao desenho Naruto, ao movimento “ocupai”, energia eólica etc.

Na sequência, Criolo apresenta um batuque afoxé de introdução para a pedrada na orelha de 'Esquiva da esgrima', na qual ele apresenta diversas referências, pérolas poéticas e rimas tensas e frenéticas como “nas benção de Padim Ciço às letras de Edy Rock”. Cabe até um recado aos golpistas do momento em “pois quem toma banho de ódio exala o aroma da morte”.

Quem disse que rap não pode ser pop? Engana-se porque o Criolo faz isso como ninguém, vide a canção 'Cartão de visita' com participação de Tulipa Ruiz, após uma introdução especialmente radiofônica. O som faz reverência ao funk estilo 'Parliament' e 'Funkadelic' de George Clinton. Uma crítica mordaz à elite brasileira como diz na letra em “O opressor é um míssil e o sistema é cupim e se eu não existo, por que cobras de mim?”. No final, Criolo tece uma súplica a Lázaro Ramos ou alguém que nos ajude a entender essa “gente indigesta”. Uma canção que poderia ser considerada como o reverso direto de 'Gente humilde' do Chico Buarque – e não é a primeira vez que o Criolo reverencia o cantor de Holanda como fez na versão exclusiva de 'Cálice', a qual o próprio Chico homenageou em show.

Porra Criolo! Ainda nem cheguei ao meio do álbum de você já veio com 'Casa de papelão'? Uma canção de letra pungente recheada de figuras de linguagem e um arranjo de sopros de um Thiago França inspiradásso. O cara simplesmente incorporou o maestro Leitieres Leite em vida, ou se melhor quiserem Villa-Lobos, Radamés Gnatalli ou qualquer um de sua melhor escolha. “Toda pedra acaba, toda brisa passa, toda morte chega e laça, são pra mais de um milhão... corpos na multidão”, diz Criolo na letra.

Depois de toda polêmica ao redor do samba 'Linha de frente' – já resolvida com o sambista MamãoCriolo vêm com o samba de roda 'Fermento pra massa', na qual ele conta o cotidiano dos subúrbios de todo país e suas agruras diárias. Como sempre, nas letras do Criolo, existe uma crítica velada na alegre narrativa da canção, onde ele traça uma crônica do caminho que o pão de todo mundo faz desde a mesa do consumidor ao padeiro, atrasado por causa de uma greve de ônibus.

'Pé de breque' retorna ao dub – como 'Samba sambei' do disco anterior – e faz diversas referências culturais, como sempre ocorrem nas canções do Criolo, numa velocidade internética. 'Pegue pra ela' é o afrobeat do álbum, onde Criolo demonstra toda sua destreza de ótimo poeta contemporâneo, vide “Toda cultura vira comércio, é o ponto de degradação, então, se pra cada ponto, processo e cada processo uma ação”.

'Plano de vôo' tem participação insana de 'Síntese', que até ele ficou sem fôlego depois de cantar toda aquela letra toda na mesma talagada de uma só vez sem nenhuma parada... 'Duas de cinco' já havia saído antes como single – inclusive recebeu clipe super-produção junto com o lado B, 'Cóccix-ência'. Essa canção foi construída por cima de 'California azul' de Rodrigo Campos, do álbum 'São Mateus não é um Lugar Assim tão Longe'.

Na faixa de encerramento, Criolo compõe em cima da canção 'Padê Onã' de Kiko Dinucci e o 'Bando AfroMacarrônico', criando a híbrida 'Fio de prumo (Padê Onã)', que mistura afoxé com baião e com maracatu. Com vocais de Juçara Marçal e rima forte do próprio Criolo, que mescla Ori com Ogi, revide com declive, 80 com cibalena, vai com stand-by e muitas outras métricas.

O disco novo do Criolo merece todo esse alarde e cumpre toda expectativa em cima dessa obra. O disco trás a mesma coerência com o saber empírico, que o maloqueiro doido sempre apresentou – um posicionamento em prol de mais amor e mais tolerância.

2014 Convoque seu Buda

1. Convoque seu Buda
2. Esquiva da esgrima
3. Cartão de visita (ft. Tulipa Ruiz)
4. Casa de papelão
5. Fermento pra massa
6. Pé de breque
7. Pegue pra ela
8. Plano de vôo (ft. Síntese)
9. Duas de cinco
10. Fio de prumo (Padê Onã) (ft. Juçara Marçal)

11.02.2014

ME PEGA, ME PAGA, ME LEVA, ME LAVA, ME LOVE

O som cosmopolita do 'Sacassaia' se volta mais aos ritmos brasileiros, mas também segue investindo no ragga, reggae, dub e similares.


Da ultima vez, o 'Sacassaia' era um duo formado por Gardenel e Tony Robalo, mas tinha diversas participações especiais de Renato Matos, em várias faixas do álbum de estréia, 'Sampleando Deus e o Mundo' de 2009. Hoje o que eram dois viraram três – efetivando de vez a inclusão do pai do reggae brasiliense, bem como adotando os nomes Gabriel Reis e Tomás Seferin, respectivamente.

Com esse lançamento, 'Boca da Terra', o 'Sacassaia' se firma no cenário musical nacional, com um álbum recheado de influências afros de terreiros de umbanda e candomblé, mas tudo devidamente temperado com as batidas eletrônicas de Tomás, a rima tensa e nervosa de Gabriel com a voz gentil de Renato e seu “ziriguidum do além”.

Logo de cara se percebe que a estimada contribuição de Renato Matos fez bem ao som da dupla, que agora é um trio. Não fosse a presença do cantor e compositor de 'Um telefone é muito pouco' – conhecida nacionalmente na voz de Leo Jaime – o 'Sacassaia' não teria a inclusão de temas africanos e dialetos de umbanda e candomblé.

Essa adição de novos temas e batidas deixou o o som da banda mais orgânico que eletrônico, num contraponto ao disco anterior – 'Sampleando Deus e o Mundo'. Destaque para canções como a faixa-título 'Boca da terra', 'Remandelagem', 'Barravento', 'Dizeres desertos', 'Ninguém dorme' e 'Boca oca'.

O estilo de letras recheadas de aliterações e referências inusitadas deixa uma atmosfera delirante. O disco também tem inúmeras participações especiais como Rafá Dorneles, Lupa Marques, Moises Alves, Edinho Silva, Tekokatu Enitan, Ras Kakaroto, Vitor Pirralho, Renata Jambeiro e Ellen Oléria.

2014 Boca da Terra

1. Boca da terra
2. Remandelagem
3. Nobre plebeu
4. Batida catira
5. Barravento
6. Dizeres desertos
7. Ninguém dorme
8. E o mar secou
9. Boca oca
10. Onda do mar
11. Cubro meu corpo
12. Padê digital
13. Você é o lugar